Viveiro – Final Explicado
Viveiro (Vivarium) é um filme de suspense e ficção científica dirigido por Lorcan Finnegan e lançado em 2019.
Estrelando Jesse Eisenberg e Imogen Poots, o filme segue um jovem casal que procura sua primeira casa juntos e acaba sendo levado para uma estranha comunidade suburbana.
Viveiro, pode ser assistido no Prime Video, é um filme perturbador e assustador que mantém que prende a atenção do espectador.
Se você gosta de filmes intrigantes, de suspense e ficção científica, definitivamente vale a pena assistir Viveiro.
Viveiro – Final Explicado
Sinopse (Cuidado, SPOILERS!)
O filme começa com Tom e Gemma, um casal jovem que está em busca de sua primeira casa juntos.
Eles são guiados por Martin, um corretor de imóveis estranho, para uma nova comunidade chamada Yonder, onde todas as casas são idênticas e as ruas parecem não ter fim.
Após mostrar a casa de número 9 aos dois, o corretor desaparece misteriosamente, deixando o casal sem entender nada.
Eles voltam para seu carro e, enquanto tentam encontrar uma saída, Tom e Gemma descobrem que estão sem sinal de celular, sozinhos e presos em Yonder, sem nenhuma maneira de sair.
Depois de rodarem por todo o lado, já anoitecendo, eles retornam para a casa número 9, a única com as luzes acesas e passam a noite lá.
No dia seguinte, continuam tentando encontrar a saída de Yonder, passando a pé, por infindáveis casas, mas acabam chegando à casa de número 9 novamente.
Frustrados, encontram uma caixa no meio da rua, com mantimentos, mas ninguém à vista.
Tom, com raiva, coloca fogo na casa, mas ao amanhecer, ela está lá novamente, intacta.
Outra caixa está colocada no meio da rua. Dentro dela está um bebê e há um bilhete que diz: “CRIEM A CRIANÇA E SERÃO LIBERTADOS”.
O bebê cresce rapidamente e se torna uma criança estranha, que os estuda e imita cada gesto e as falas do casal.
Vemos Gemma medir a altura do menino, de aproximadamente sete ou oito anos e escrever na parede: “DIA 98”.
A comida não tem gosto, mas há sempre mantimentos disponíveis para a sobrevivência e para os cuidados pessoais do casal e da criança.
Um dia, Tom começa a cavar o quintal e descobre pedaços de plástico amarelo misturados à terra.
Essa escavação torna-se a obsessão de Tom, que mais tarde, passa até a dormir dentro do buraco.
A criança se torna cada vez mais estranha e passa a assistir à Tv, que transmite imagens hipnóticas de espirais e sons estranhos.
A irritação do casal escala a tal ponto que um dia, Tom tranca o menino no carro, pretendendo deixá-lo ali para morrer de fome.
Gemma não consegue compactuar com a ideia e tira o menino do carro.
O casal se afasta emocionalmente, pelo estresse de toda a situação e pela obsessão de Tom com sua escavação.
Uma manhã, Gemma não encontra o menino e sai para procurá-lo. Ele reaparece, trazendo um livro estranho, que contém figuras da anatomia humana e uma escrita desconhecida.
Gemma questiona o menino, tentando fazê-lo dizer com quem esteve e fica horrorizada quando ele faz uma imitação assustadora da criatura em questão.
Na próxima cena, o menino já é um adulto e inspira medo ao casal, que passa a fazer suas refeições trancados no quarto.
Gemma diz a Tom que deveria ter deixado ele matá-lo enquanto era pequeno. Tom está cada vez mais doente e fraco, mas continua a cavar.
Quando o agora homem sai pelas ruas, levando o estranho livro consigo, Gemma o segue para tentar descobrir aonde vai.
Nessa hora, Tom encontra algo em sua escavação incessante; horrorizado, vê que é um corpo embalado em plástico.
Eles estão trancados do lado de fora da casa e a saúde de Tom piora. Gemma pede ajuda ao homem, que não faz nada e diz que talvez seja hora de libertá-lo.
Lembrando do dia em que se conheceram, Tom morre nos braços de Gemma.
No meio do desespero de Gemma, o homem reaparece, trazendo uma caixa, contendo um saco grande, em que coloca o corpo de Tom e joga dentro do buraco.
Gemma dorme no carro, fica à espreita do homem e o ataca com uma picareta. Ele emite os mesmos sons que imitou um dia, quando criança, da criatura que havia encontrado.
Ele foge, entrando por uma abertura que aparece na calçada, para o subterrâneo.
Gemma o segue e acaba entrando em outra dimensão, encontrando outras casas, com outros casais e outros meninos, como num pesadelo.
Ao final, ela acaba caindo de volta na casa número 9 e, transtornada e cambaleante, diz: “O que sou eu nesse mundo?”
O homem responde: “Você é uma mãe, alguém que prepara o filho para o mundo”.
Gemma pergunta: “O que uma mãe faz depois disso?”
“Ela morre. Vá dormir, Bons sonhos”
“Nós só queríamos uma casa…”, diz Gemma.
O homem responde: “Mamãe tola, você está em casa!”. E fecha o zíper do saco plástico onde a colocou.
“Não sou sua mãe”, responde Gemma, com seu último suspiro, algo que disse ao longo do filme todo.
Ele a joga, junto com Tom, e fecha o buraco. Arruma toda a casa, entra no carro e dirige até a imobiliária, onde está Martin, o corretor, mais velho e agonizante, que antes de dar seu último suspiro, entrega-lhe seu crachá.
O homem coloca Martin em outro saco plástico e toma seu lugar na escrivaninha, quando entra um casal na imobiliária.
Viveiro: Assista no Prime Video
Viveiro – O que o filme realmente significa?
Um dos significados da palavra viveiro é “lugar onde se reproduzem e se conservam animais vivos”.
Gemma e Tom estão confinados na casa em Yonder e parecem estar sendo observados e estudados.
Eles recebem alimentação e devem criar o bebê que recebem, com a esperança de serem libertados se o fizerem.
O diretor Lorcan Finnegan usa a arquitetura e o design de interiores para criar uma sensação de claustrofobia, aumentando o clima de isolamento do filme.
Significado do pássaro cuco
Algumas espécies de pássaros cuco adotam um comportamento chamado de “parasita de ninhada”.
Nesses casos a mãe põe seus ovos no ninho de uma outra espécie de ave, completamente diferente, para que crie seus filhotes.
Em alguns casos, o filhote invasor do cuco pode até expulsar os filhotes da ave hospedeira do ninho.
Na cena inicial do filme vemos exatamente isso.
O filhote cuco empurra os outros ovos e os filhotes recém-nascidos do ninho, fazendo-os despencar para a morte.
Quando uma das alunas de Gemma os vê, mortos no chão, pergunta quem fez isso e por quê.
Gemma diz que talvez um pássaro cuco que precisasse de um ninho.
A menina pergunta por que eles não construíram o seu próprio ninho.
Gemma responde: “Não sei. Essa é a natureza. É assim que as coisas são.”
Essa cena é uma metáfora para o filme, em que uma outra espécie (provavelmente aleinígenas) se utiliza de humanos para que criem seus bebês.
Tom e Gemma, presos no “ninho”, são forçados a criar um assustador Martin, para que a espécie alienígena possa se perpetuar.
Aparentemente, essa espécie só faz isso para sobreviver. É a natureza deles, é como as coisas são.
Viveiro – Qual a mensagem do filme?
Viveiro é um desses filmes que nos deixam, ao final, com uma sensação perturbadora.
O filme pode ser interpretado de várias maneiras.
Uma das teorias sobre o filme é que ele é uma alegoria para a vida moderna e a alienação que muitas pessoas sentem em suas vidas cotidianas.
Ele é visto por alguns, como uma crítica ao capitalismo de consumo, à vida suburbana com casas idênticas e monótonas.
A comunidade suburbana representada em Yonder seria uma versão ampliada e distorcida da vida suburbana real, onde as pessoas vivem em casas idênticas e seguem um estilo de vida monótono.
Nesse caso, a falta de personalidade e individualidade é enfatizada pela arquitetura uniforme e sem graça das casas em Yonder.
O bebê que é deixado na porta do casal seria uma metáfora para a expectativa da sociedade de que as pessoas devem ter filhos e criar uma família.
Algumas pessoas podem não ter gostado do filme ou achado muito longo, mas para os que gostaram e ficaram curiosos sobre o que está realmente por trás do enredo, há várias outras interpretações.
Segundo o diretor Lorcan Finnegan, em entrevista ao site slashfilm.com, não há interpretação errada do filme. As ideias vêm das pessoas e do momento de tudo que a cultura e a sociedade vivem.
Viveiro – Perguntas que ficaram
O que era a criatura?
Não nos é mostrada a figura alienígena, exceto pela imitação feita pelo menino, quando Gemma pergunta com quem esteve durante o dia.
O menino toma, por um momento, a forma da criatura, criando bolhas enormes no pescoço e revirando os olhos, deixando Gemma aterrorizada.
Ele também solta alguns sons parecidos como uma mistura de aves e répteis.
Quando adulto, o homem é atacado por Gemma e sai andando como um animal de quatro patas.
O que aparece na tela da TV?
Na tv, aparecem as mesmas imagens que estavam no livro, mas elas nunca foram explicadas.
Provavelmente, o que víamos no livro era o alfabeto da espécie alienígena e essas imagens eram transmitidas na Tv, instruindo e educando o menino, ensinando-o, por exemplo, a entrar e sair do lugar.
Yonder era algum tipo de dimensão alternativa?
Provavelmente, sim. Segundo entrevistas do diretor do filme, tudo é aberto a interpretações.
Segundo ele, seria um ‘um universo paralelo dentro de uma espécie de bolha situada no topo da superfície da Terra’.
Gemma e Tom estavam presos nessa dimensão alternativa e é por isso que não conseguiam escapar de Yonder.
Quando Gemma entra para baixo da calçada para seguir o homem, acaba caindo em várias outras casas com outros casais vivendo nelas.
Cada casa aparecia com cores diferentes e a intenção foi enfatizar que eram outras casas em outras dimensões.
Por exemplo, na primeira casa, vemos uma mulher chorando em uma mesa. Gemma então, afunda no chão e vai parar em outra casa, onde está um homem morto na banheira.
Cada local é mostrado em diferentes cores, em espectros sufocantes. Vermelho, verde, roxo.
Provavelmente, são dimensões alternativas que existem ao mesmo tempo, com diversos casais criando diversas crianças.
Por que Tom ficou doente? Por que Gemma morreu?
Quando Tom começa a apresentar sinais de fraqueza, talvez pudesse ter sido por causa de algum material tóxico ao qual passou a ter contato quando começou a cavar o buraco no quintal.
Lembram dos pedaços de plástico amarelo que iam saindo junto com a terra, quando Tom começou a cavar? O que era aquilo?
Na entrevista do diretor nos é informado que eles enfraqueceram devido à pura artificialidade do viveiro, (com alimentos sem sabor, luz solar e atmosfera artificiais), enfim, pela não existência da natureza, eles morrem lentamente.
O que eram as vozes que Tom ouvia no buraco?
Há teorias que dizem que seriam vozes dos outros casais presos em outras dimensões.
Porém, quando Tom coloca o ouvido na terra, escutamos o som que parece ser o da criatura alienígena.
De quem era o cadáver que Tom encontrou?
Provavelmente, o cadáver que ele encontrou foi de um “pai” anterior, de outra pessoa que já havia cumprido seu propósito de criar um bebê e que fora descartado.
Há teorias que era o cadáver dele mesmo, mas isso envolveria looping temporal e outras teorias.
Poderia haver outro final?
Tom e Gemma poderiam ter se esforçado para amar a criança e assim, obter informações para ajudá-los a escapar?
O menino parecia ser fofo em algumas cenas.
Mas a voz muito, muito, muito estranha, os gestos e imitações dificultavam esse carinho.
Vemos Gemma se aproximar, por vezes e logo depois, se horrorizar com o garoto.
Para alguns, o final é insatisfatório, pois Gemma e Tom simplesmente falharam em escapar.
Para outros, a conclusão deixou claro o ciclo reprodutivo das criaturas alienígenas, que se utilizam de humanos adultos para criar uma criança alienígena até a idade adulta.
Tal qual algumas espécies de cuco, uma das inspirações do diretor para a criação do enredo.
Por que não mataram o menino?
Eles não mataram o menino porque foi dito no início que seriam libertados se criassem o bebê.
Na verdade, ao final, vemos que “libertar”, para o homem, seria a morte deles.
Quando Gemma pede-lhe ajuda com Tom, o homem diz que talvez tivesse chegado a hora de libertá-lo.
Qual é o significado do número 9?
Segundo a entrevista do diretor, não há um significado especial no número 9.
Ele diz que poderia ser pelo fato do número 9 parecer um loop, mas por que então, não usou o número 8?
Faria mais sentido!
Entrevista do diretor Lorcan Finnegan
Lorcan Finnegan, o diretor do filme, nos oferece uma explicação muito clara para o filme Viveiro.
Leia a entrevista completa:
https://www.slashfilm.com/721460/vivarium-ending-explained/
Viveiro é um loop
Martin imita uma fala de Gemma ao mostrar-lhes a casa, no início do filme, como deve ter feito quando criança, imitando seus “pais”.
Quando pergunta a Gemma se o casal tem filhos, ela responde: “Não, ainda não.”.
“Não, ainda não.”, imita Martin, nos deixando intrigados pela falta de educação.
Mas o instinto de imitar era mais forte que ele!
Ao final do filme, o homem substitui Martin na imobiliária e recebe um novo casal, o que indica um looping eterno da situação.
A cena do cuco no início do filme foi uma das inspirações para o filme, envolve o conceito assustador de uma raça parasista alienígena que usa humanos para criar seus “bebês”, penetra a mente e permanece conosco por algum tempo.
Assista ao filme Viveiro no Prime Vídeo.
Gostei do filme, me impactou bastante e fiz várias outras interpretações. O menino reproduzia exatamente os movimentos e falas do casal, que em momento algum se esforçaram para dar algum carinho a ele. Se eles o tivessem amado, não seria isso que ele (ou os alienígenas) poderiam aprender sobre a raça humana? Outro pensamento que me ocorreu é que para muitas pessoas o ideal de vida é uma casa confortável, ter tudo, sem muito esforço. Pois é justamente isso que eles receberam, não precisavam fazer nada e tinha tudo à disposição sem qualquer esforço, mas isso está longe de trazer felicidade. O que o filme mostra são seres enfastiados com a vida improdutiva. Será que a comida realmente não tinha gosto ou eles que perderam a capacidade de sentir o gosto pela vida? Será porque o sentido da vida não seria justamente as provas e lutas diárias que todos devem enfrentar? Será que a graça não está no caminho, no esforço pessoal?
Também muitos seres passam a vida desejando coisas, bens, uma casa por exemplo, e depois vemos Tom na hora da morte lamentando a falta do vento, que ele nunca havia percebido o quanto gostava, também relembrando o quanto Gemma era importante para ele. Ou seja, no final das contas são as coisas simples que importam.
Que ponto de vista interessante! Realmente, sobre a comida não ter gosto, não havia pensado sob esta perspectiva, da falta de valorização do que temos, da banalização de nossas vidas.
O bilhete deixado, junto bebê, dizia: “Criem a criança e serão libertados.”. “Criar” implica em dar amor – talvez, se Gemma e Tom tivessem agido com mais carinho, fossem liberados, ao final?
A cena da morte de Tom me emocionou, exatamente pelas falas que você citou, pois não esperava esse final.
Gostei muito do filme que, como explicou muito bem, nos faz repensar nossas prioridades. Obrigado por compartilhar suas reflexões!
sabe assistindo o filme viveiro fiquei intrigado desde o começo principalmente com algumas cenas e acontecimentos por exemplo no começo do filme quando eles estavam andando em círculos e pensei que seria uma boa ideia seguir a luz do sol e futuramente o casal faria o mesmo e sem êxito, como também pensei em colocar fogo em todas as casas e Tom coloca fogo na casa me faz pensar que o diretor/escritor foi genial neste aspecto. porém o que mais impactou, claro falo no meu contexto pessoal, foi quando Tom estava claramente perdendo suas forças, literalmente morrendo (na cena da calçada) e eu automaticamente me coloquei no lugar de Gemma e só conseguia pensar que teria que ficar naquele “inferno” sozinho isto foi extremamente assustador. Mas como o próprio diretor do filme explicou que o filme e aberto a várias interpretações, tanto sociais como pessoais e este filme está repleto delas. para finalizar achei que o filme foi um tapa na cara de tanta reflexão sobre vida, morte, alienação e liberdade
Obrigado por compartilhar sua perspectiva sobre o filme!
Assisti esperando ver o que aconteceria no final, e pensei, sinceramente, que haveria uma saída para Gemma e Tom. Os detalhes que você mencionou são pontos muitos interessantes do início da trama! Para mim, “Viveiro” acabou sendo um verdadeiro soco no estômago, estimulando muitas reflexões sobre a vida, morte e liberdade.
Martin no latim significa dedicado ao deus de Marte. Filho de Marte.